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Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/263

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nisso. Os senhores estão desfazendo agora no meu dizer, talvez amanhã a cousa já seja outra. Eu sou um pé rapado, é certo, mas muito verdadeiro.

— Ninguem duvida de sua palavra, Marcolino.

Um negro que estava mettendo lenha no forno, virou-se então para o matuto, e, de improviso, lhe dirigiu este verso:

Vosmecê, seu Marcolino,
Vai atraz do Cabelleira?
Si quizer pegar o cabra,
Monte na besta fouveira.

Ainda bem não tinha terminado o seu repente, quando um caboclo que, a um canto do alpendre estava lavando em um côcho uma porção de mandioca, se sahiu com esta resposta:

Monte na besta fouveira,
Ou no cavallo cardão,
Não ha de pegar o cabra
No meio desse mundão.

Reinou então silencio no alpendre para só se ouvirem os dous repentistas. Estava travado um desses desafios que são tão communs nos sertões do norte, e, muitas vezes, pela facilidade das rimas e originalidade dos conceitos, chegam a offerecer versos que podem