Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/273

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dado com a imagem de Luiza, de joelhos na beira do caminho com as mãos postas, os olhos supplicantes, tristes, e chorosos, voltados para elle. Pareceu-lhe até ouvir as seguintes palavras:

— Não o mates, Cabelleira.

Esta illusão era effeito da sobreexcitação nervosa, produzida em todo o seu organismo pela falta de alimentos, pela dôr moral que lhe causára o transito da moça, ou talvez pela profunda revolução que antes de ter ella fallecido havia obrado nos seus instinctos, idéas, e habitos, o sentimento destinado a redimil-o do erro, e do crime — o amor.

Foi tão profundo e violento o abalo que experimentou ao ver aquella doce effigie (a qual elle julgava ter desapparecido para sempre de seus olhos), que irresistivelmente lhe escaparam dos labios estas palavras:

— Não o matarei, meu amor; não o matarei.

Mas não foram sómente as palavras que lhe escaparam violentamente dos labios; dos olhos lhe saltaram tambem lagrimas espontaneas, que elle não pôde reprimir.

E como para dar plena satisfação áquella doce imagem que se atravessava diante delle no momento em que um crime estava a ser commettido por sua mão, Cabelleira atirou dentro de uma grota que ficava do outro lado