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Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/314

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mais larga do celebre valentão, uma amostra por onde pudesse ser devidamente aferida a musa popular do norte ha um seculo, não pude obter mais do que as que entremeei no texto.

Não me atrevi a mudar-lhes uma só palavra, uma virgula sequer. Para o fazer, si eu o quizesse, acharia apoio nos exemplos dados por autorizados engenhos e nomeadamente por Garrett no seu Romanceiro.

Não quiz usar desta faculdade. Fez-me escrupulo tocar no legado que tem por si a consagração de algumas gerações; e como eu o recebi dos nossos maiores, assim o receberá de mim a posteridade, si não se interpuzer, como é quasi certo, entre ella e este livro o esquecimento, premio natural das produções minimas.

A parte propriamente historica foi escripta de accôrdo com a seguinte passagem das Memorias-historicas-da-provincia-de-Pernambuco por Fernandes Gama:

“Havia annos que um famigerado mameluco, chamado Cabelleira, um filho deste, e um pardo de nome Theodosio, ladrão mui astuto, horrorizavam esta provincia com seus enormes crimes. Aqui mesmo, nesta cidade, esses faccinoras commettiam furtos e homicidios; mas nas nossas circumvizinhanças tinham infundido tão grande terror, principalmente os dous primeiros, que ninguem se julgava seguro. Para todos se armarem, como si uma grande quadrilha ameaçasse os bens e as vidas de todos, nada mais era preciso do que espalhar-se a noticia de que o Cabelleira se aproximava. Tudo se punha em armas, e aquelles que assim não se preveniam por timoratos, os recebiam com submissos obsequios, e se prestavam apressados a todas suas exigencias.

“José César fez marchar contra esses malvados differentes partidas militares, com ordem de os conduzirem vivos a esta cidade, e tendo essas partidas, com algum prejuizo, porque os faccinoras resistiram, conseguido prendel-os,