envolvem em si um nome odioso, é que este nome representa tambem alguma virtude grande, a que o sentimento do justo, innato no coração do povo, não é indifferente. O pai do Cabelleira não tinha nenhuma virtude digna desta distinção.
Os trovistas pernambucanos do seculo XVIII cantaram no Cabelleira, não o matador que fazia tremer populações como um cataclysma, cantaram o grande animo que, por desviado do bom caminho, chegou a pagar com a vida no patibulo os crimes que a bem dizer pertenciam menos a elle do que a outrem.
Cantaram o grande exemplo que affirma a necessidade da instrucção e da educação, sem a qual espiritos que poderiam chegar a ser uteis á sociedade, e legar um nome honrado e querido, se convertem em instrumentos da destruição della e de si proprios, e deixam uma memoria execrada, ou lamentavel.
Estas verdades resaltam das letras que dizem:
Minha mãi me deu
Contas p'ra rezar;
Meu pai deu-me faca,
Para eu matar.
Quem tiver seus filhos
Saiba-os ensinar;
Veja Cabelleira
Que vai a enforcar.
Tenho para mim que a morte do Cabelleira, não obstante os seus immensos crimes, commoveu a sociedade que foi della testemunha, o que só se póde explicar pela convicção nella reinante, de que o infeliz mancebo fora na pratica de taes crimes, antes arrastado por uma força estranha ao seu natural do que por este impellido. Dahi o pezar inspirado pelo Cabelleira aos trovistas, e a distincção que delles mereceu, distincção que não se estendeu nem a seu pai nem