Página:O culto do chá.pdf/76

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por este mundo fóra, uma opinião pessoal sobre o chá-no-yu. Estive uma vez, é certo, com dois ou tres amigos, em uma das chayas de mais fama da cidade de Kobe; e Tama-Guiku (o Malmequer-Precioso) era a esplendida sacerdotiza da cerimonia. A impressão que d'aquella noite guardo é indefinida, fugidia, como de um vago sonho que tivesse. Ficaram-me

reminiscencias indecisas do luxo sobrio e harmonioso e do aceio extremo das coisas impregnadas de exotismo onde poisou o meu olhar. Na meia luz do placido aposento, amplo e silencioso como um templo, contornava-se, distante, um vulto de mulher, de joelhos, envolta em sedas magnificas. As attenções fixavam-se especialmente, como que por attracção hypnotica, nas suas mãos finissimas, alvejando no espaço como se fossem de marfim, tomando de estranhos utensilios, preparando não sei que filtro de magia, poisando