vinha ela cravar-se infalivelmente dentro daquele círculo. Causar-lhe-ia riso a façanha desse camponês da Suíça, do qual se conta que por ordem de um tirano teve de atravessar com uma flecha uma maçã colocada sobre a cabeça de seu filho; Gonçalo teria atravessado um anel.
Mas em vez de pôr ao serviço da pátria e da liberdade sua grande força e valentia, como aquele herói, Gonçalo, áspero e turbulento por natureza e por mania, atirou-se em corpo e alma na carreira da devassidão e tornou-se um completo vadio, um famoso desordeiro.
Em todos os maus lugares, onde quer que houvesse uma orgia, um batuque, uma algazarra qualquer, podia-se jurar que lá se achava Gonçalo puxando barulho, provocando desordens, só para ter ocasião de ostentar sua bravura e fazer sentir a algum desgraçado o peso de seu braço-de-ferro. Nisto consistia todo o seu orgulho, toda a sua glória. Quando em Goiás aparecia algum desses valentões afamados, com um desses apelidos extravagantes que por si sós fazem tremer, como Veneno, Jacaré, Tiracouro, Canguçu, etc., bem barbudo, vestido de couro, armado até os dentes, lá ia Gonçalo procurá-lo e não sossegava enquanto não achasse ocasião de quebrar-lhe a proa.
Entretanto esse moço não era mau por natureza;