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Página:O ermitão do Muquem (1864).djvu/202

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sobre o orvalho, que a noite peneirara sobre os tetos de coqueiro dos ranchos e as cobertas de couro dos carros dos romeiros, onde começavam a rumorejar a vida e o movimento como em um vasto colmeal.

A alguma distância da capela os três romeiros avistaram o virtuoso eremita de joelhos sobre a relva do adro em face da ermida com os braços abertos embebido em extática oração. O sol, que surgia por defronte deles, destacava vivamente os contornos da figura venerabunda do ermitão naquela piedosa e solene postura, e rodeando-o de esplendores o apresentava aos olhos dos romeiros como a imagem viva desses patriarcas do cristianismo cingidos com a auréola da bem-aventurança. A barba grisalha lhe descia ao peito e os grandes olhos pretos se volviam ao céu como que nadando em profundos êxtases. A tez crestada da fronte e do rosto era atravessada por longos e fundos sulcos, e a cabeça pendida para trás se lhe debruçava sobre os ombros alquebrados. Via-se, entretanto, que sua idade não podia ser muito avançada, e que aqueles prematuros caracteres de velhice eram resultado de longos sofrimentos e fadigas extremas.

Nem em sua figura nem em suas palavras se revelava desejo algum de impor à multidão e de atrair cultos e venerações de que se julgava indigno. Seu porte era modesto, e em seus olhos e em toda a sua fisionomia