prisioneiro, dize-me, quem és tu, onde me acho eu, e o que se pretende fazer de mim?
— A filha de Oriçanga, maravilhada de ouvir nos lábios do estrangeiro a língua de seus pais, lhe responde comovida:
— Tu te achas na taba de Oriçanga, meu pai e cacique dos Chavantes, em cujo poder caíste prisioneiro. Aqui ficarás até que sarem tuas feridas e recobres a saúde e as forças.
— Para depois ser conduzido ao sacrifício, não é assim, filha de Oriçanga?
— Oh! quem to disse! atalhou ela vivamente, e pensou consigo aterrada: acaso me teria ele ouvido?
— Oh! sim! bem o sei; continua Gonçalo animando-se; sei que me conservam a vida para depois festejarem com a minha morte e consagrarem com meu sangue cobardemente derramado tuas bodas com... mas não o conseguirão... com estes dentes ainda posso arrancar as ataduras destas feridas e fazer correr por elas todo o meu sangue, para que o não derrameis em vossas festas abomináveis.
— Ah! não! não faças tal; exclama aflita. Acalma-te; nenhum perigo te ameaça... mas é lástima que sejas, como pareces, um filho dos imboabas, desses cruéis inimigos e perseguidores da raça dos adoradores de Tupá.
— Não o creias, filha de Oriçanga: eu sou como