Como Imperio tinha o Brazil uma côrte, mas esta côrte
nunca foi sumptuosa, muito menos dissoluta: foi sempre singela
e tão virtuosa quanto pode caber na fragilidade humana,
ao ponto de ser modelar. Não tinha a severidade militar da
prussiana antes ou mesmo depois do imperio, porque Guilherme I
não mudou com ser plus que roi. No seu paizanismo, visto as
velleidades guerreiras nutridas por D. Pedro I findarem com a
desastrada campanha do Sul e a pouca inclinação do paiz pelas
aventuras bellicosas, foi simples e frugal, com seus resaibos de
intellectualismo. Aliás, o exemplo do primeiro imperador
fructificara. Sua abdicação foi tanto a expiação dos seus erros de
soberano constitucional, educado n'um meio absoluto, como
das suas faltas de particular. Elevando a concubina acima da
soberana, determinou uma precoce decadencia do regimen monarchico
e justificou muitos dos ataques que lhe foram assacados.
Foram precisas toda a sabedoria e todas as virtudes do seu
successor, alem do melancholico espectaculo das luctas civis
da Regencia, para permittir que o Imperio se prolongasse por
meio seculo nas suas mãos. O quadro seguinte, evocado por
Timandro (Salles Torres Homem) no seu Libello do Povo —
já por si um titulo revolucionario que relembra Hebert e Marat
— não se afigurou exaggerado a espiritos que cultivavam
o ideal republicano e aos quaes não eram antipathicas as côres
vermelhas do jacobinismo. Ouçamos o futuro conservador monarchico: