Página:O jesuita - drama em quatro actos.djvu/126

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se; é o mesmo que sente o homem devorado de sede pela água que refresca-lhe o sangue, ou o animal pelo alimento que pode matar-lhe a fome.

CONSTANÇA – Oh! calai-vos, senhor!

SAMUEL – Quando os seus lábios tocarem os vossos, e o primeiro beijo o arremessar como o arcanjo da luz, do céu da imaginação à triste realidade, vereis o que restará disso que chamais amor. Um desgosto, o tédio, talvez o remorso!

CONSTANÇA – Vossas palavras enchem-me de horror!... Não blasfemeis! O amor não pode ser essa paixão egoísta!... Não! Eu o sinto aqui! Eu o sinto em minha alma! Ele vem de Deus, que o inspira e anima! Ele é nobre e santo como a religião que o consagra! Se não dá ao homem a glória que tanto ambicionais, dá a felicidade!

SAMUEL – Pois bem! Correi atrás dessa felicidade; deixai-vos amar por Estêvão; e um dia ele acordará nos vossos braços desse sono estéril, para esquecer-vos como um pesadelo! Que fareis quando a sua razão pedir-vos conta do tempo perdido,