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Página:O livro dos espiritos (1904).pdf/11

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introducção
vii

comparação, diz-se que o instrumento rachado, incapaz de produzir sons, não tem alma. Para os que pensam assim, a alma é um effeito e não uma causa.

Outros crêm que a alma é o principio da intelligencia, o agente universal de que cada ser absorve uma porção. Segundo esses, em todo o universo ha apenas uma alma, distribuindo faiscas entre os diversos seres intelligentes, emquanto estão vivos, voltando todas ellas, depois da morte, para a fonte commum onde se vão confundir no todo, como os regatos e os rios que voltam para o mar donde tinham sahido. Differe esta opinião da precedente em admittir em nós alguma coisa que não é materia e que não acaba com a morte desta, mas é quasi como se tudo acabasse, visto que, cessando a nossa individualidade, a consciencia de nós mesmos não pode subsistir. Segundo estes, Deus é a alma universal, e cada ser encerra uma porção da Divindade: é uma variante do pantheismo.

Outros, finalmente, pretendem que a alma é um ser moral, distincto, independente da materia e conservando a sua individualidade depois da morte. Sem contradicção, é este o sentido mais geralmente adoptado pois que, sob um nome ou sob outro, a idea desse ser que sobrevive ao corpo encontra-se no estado de crença instinctiva e independente de todo o ensino, em todos os povos, qualquer que seja o grau da sua civilização. Esta doutrina, segundo a qual a alma é uma causa e não um effeito é a dos espiritualistas.

Sem discutir o merito dessas opiniões e considerando sómente a parte linguistica, diremos que essas