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O bom marido
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Theophrasto não presta. Quem chega aos trinta e dois annos sem achar o que fazer na vida, está julgado: não presta. Elle inventou esse casamento comtigo por um motivo só: viver á tua custa.

— Isso não! Théo jurou que ha de trabalhar feito um mouro, para que eu tenha a melhor das vidas. Sou professora, mas elle não admitte que eu tire cadeira.

— Diz isso agora. Casa-te e verás como tudo muda. Nasceu para chopim, o malandro, e escolheu-te para tico-tico...

A moça, entretanto, teimou. Preferiu romper com a familia a soltar o romantico pretendente. As juras de Théo, suas cartas de arrancar lagrimas ás pedras, recebidas todos os días, e aquelle seu modo de olhar com infinitos de meiguice, deram á menina forças para resistir á sensatez dos conselhos.

— Ninguem te conhece, Théo. Desprezam-te porque és pobre. Mas para mim a riqueza que vale é a que me offereces: esse thesouro de amor e carinho que sinto em teu peito.

Théo respondia dando corda ás glandulas lacrimaes e estillando grossos pingos.