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O bom marido
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Théo nada soube deste passo e muito admirado ficou ao ver chegarem os sogros.

Os velhos olharam-no com rancor e dirigiram-se para o quarto da filha.

Foi dolorosa a scena do encontro. Separados havia dez annos, mal a reconheciam agora.

— Em que estado te encontramos, Bellinha! Porque não nos chamou ha mais tempo? O orgulho te matou...

Izabel, no fundo da cama, sorria.

— Perdoe, mamãe, e lembre-se que não me queixo. Fui feliz. Théo é para mim um anjo de bondade. O que nos fez mal foi a miseria e agora a doença. Estou no fim.

Os pais choravam, assombrados em face da mumia a que se reduzira a linda menina de outr'ora. E culpavam-se de a terem abandonado, de não a terem soccorrido a tempo.

Veio o doutor. Os velhos conferenciaram com elle a um canto.

— Caso perdido. Galopante. Morre exhausta, de canceira, de trabalheira excessiva, de partos e abortos mal conduzidos — de miseria, em summa. Aquelle infame assassinou-a...