Página:O macaco que se fez homem.pdf/152

Wikisource, a biblioteca livre
146
Monteiro Lobato

velho, surra ou briga, a avaliar pelos gritos que de lá partiam.

Não posso ver dessas coisas sem intervir. Parei á porta, com rompante de autoridade e dei com a argola do relho.

— Que é lá isso ahi?

O rumor interno cessou mas ninguem me respondeu.

Nisto approximaram-se alguns vizinhos. de mãos no bolso e ar velhaco.

— Que terra é esta? Mata-se gente dentro das casas e ninguem se move!...

Retrucou-me um delles:

— Se a gente fosse se incommodar cada vez que o Bento Cégo desce o guatambú nos filhos...

Guatambú nos filhos... Bento Cégo... O caso interessava-me.

— E' um cégo que mora aqui, o Bento. Elle gosta da sua pinguinha. Bebe ás vezes demais, vira valente e mette a lenha nos filhos. Tranca a porta e é, como diz o outro, pancada de cégo!

Fiquei na mesma e vendo que o sujeito não me adeantava o expediente, bati de novo á porta com o cabo do relho.