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O rapto
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Abriu-ma desta feita um rapazinho, ahi, dos seus quatorze annos. Interpellei-o.

O menino, a coçar-se, olhou para a gente reunida atraz de mim e riu-se.

— Bem se vê que o senhor não é d'aqui. Papai é assim mesmo. Bebe seus martellinhos e quando esquenta a cabeça, o gosto delle é bater. "Nós deixa", e até "se diverte" com isso...

Assombrei-me. Um pae cujo gosto é bater na prole e filhos que se divertem com a surra! Mas como cada roca tem seu fuso e eu não conhecia o uso daquella terra, não pedi mais, toquei para o hotel, vivamente interessado pelo estranho costume daquella familia.


Armei tenda em Rio Manso e puz-me a concertar olhos. Entrementes, enfronhei-me na historia do Bento Cégo.

Nascera arranjado, filho dum fiscal de camara, e quando casou morava em casa propria, legada pelo pae e sita em rua de procissão. Maus negocios fizeram-no perdel-a e passar a rua mais modesta. Vieram filhos, vieram doenças, macacôas de toda a especie, urú-