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O rapto
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Até da viuvez remendou-se o Bento. Appareceu logo uma parenta pobre que lhe escreveu propondo-se a morar com elle e cuidar da casa.

Veio a mulher, arrumou-se, deu boa apparencia de limpeza e ordem ao tugurio da lambança e do desmazelo — fazendo coisa fina que a toda a gente causava pasmo.

Bento chegou a pensar na acquisição da casinha, apartando vintens para isso.

Mais tarde, novo parente em petição de miseria veio achegar-se á sua sombra — corujão misanthropo, que lhe contava lorótas e lia capitulos do Bertoldo e da "Historia de Carlos Magno e dos Doze Pares de França".

Bento era fanatico de Oliveiros e nunca admittiu que fosse lida a segunda parte do livro, em que Bernardo del Carpio vence os doze pares.

— Mentira! Não venceu nada, dizia elle. Veja se um Bernardo, seja donde diabo fôr, é lá capaz de aguentar uma só lambada da durindana! Venceu coisa nenhuma...

Uma nuvem apenas toldava a paz da familia restaurada. Bento bebia e se errava de