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Marabá
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Com a pequena corça brinca horas a fio e abraça a e beija-a no mimoso focinho roseo.

Que festa, a vida de Marabá!

Ninguem a vence em riquezas. Ouro dá-lhe o sol ás catadupas e todo só para ella. Perfumes, não em frascos microscopicos o tem. mas ambiente, perennal; as flores só exhalam para ella e todas as brisas se occupam em trazel-o de longe, tomado nas corolas das orchideas mais raras.

E as abelhas dão-lhe o mel purissimo, e os ingazeiros de beira-rio dão-lhe a nivea polpa dos seus frutos invaginados, e cem outras arvores da floresta parecem precipitar a maturescencia das suas bagas rubras, roxas, verdoengas para que os dentes alvissimos da nympha as morda com delicia.

E os dias de Marabá são assim um delirio de luz, de perfumes, de movimentos sadios e livres, capaz de enlouquecer a imaginação dos pobres seres chamados homens. que vivem em prisões chamadas cidades, dentro de gaiolas chamadas casas, com poeira para os pulmões em vez de ar, catinga de ga-