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Tragedia de um capão de pintos
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nho, sobretudo, causou-lhe sérios aborrecimentos.

Havia na fazenda um tanque bordado de tabôas esveltas, rico de trahiras e sapinhos de cauda. Esse tanque era a mania do lindo pon-pon d'arminho amarello. Quantas vezes não ficou o Péva á beira d'agua, seguindo de olhos afflictos as evoluções do mimoso palmipede, que nella penetrava, e nadava, e mergulhava com louca affoiteza inconcebivel para o velho capão!

Já os outros não o affligiam tanto. Divertiam-no até. O capão gostava de ver o peruzinho em caça ás moscas. Magricela e tonto, como sabia marcar a presa, achegar-se com extrema lentidão e, de repente — pâ! — uma bicada certeira!

O pinto, esse era mestre em travessuras. Subia-lhe ás costas, tenteando-se nas asinhas, e trepava-lhe pelo pescoço até alcançar a crista, cujas carunculas bicava.

Era muito cauteloso, o Péva. Se vinha chuva, punha-se logo de agacho, para abrigo dos gurys — de dois apenas, que o terceiro, o marreco, nenhum caso fazia d'agua, an-