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Monteiro Lobato

tes pellava-se por chuva, só recolhendo ao sentir-se entanguido.

E era mujto methodico, o Péva. Mal a tarde fechava a carranca annunciativa da noite, lá ia elle de rumo ao terreiro, aninhar-se rente ao muro, sempre no mesmo lugar. Escarrapachava-se alli, ao geito das gallinhas, e esperava que os orphãos, depois d'umas derradeiras voltas por perto, viessem chegando e se mettessem dentro da plumosa casa viva.

Entrava primeiro o perú, um friorento de marca; depois o pinto; o marreco por ultimo.

E o Péva cochilava, transfeito em exquisito animal de quatro cabeças: a sua, grande, cristuda, e mais tres cabecinhas curiosas, que abriam setteiras na plumagem e espiavam o mysterio do mundo a envolver-se nas sombras da noite...

Aquella singularidade deu nome e renome aos tres bichinhos. Quantos pintos, perús e marrecos houvesse na fazenda eram todos conhecidos por pinto, perú e marreco, genericamente. Só elles se personalizavam. Eram o Pinto Sura, o Peruzinho do Capão e o Ré-