Não era facil illudil-o; a fome, porém, é capciosa e Luizinho continuou a mentir :
— E' cá uma coisa que sei. Uma pandega! Por emquanto é segredo. Ficas lá quietinho, uns tempos, e depois te trago de novo e te conto a historia.
O coelhinho de lã piscou para o menino, cavorteiramente. Gostava desses mysterios...
Luizinho levou-o ao belchior. Mostrou-o ao judeu e offereceu-lh'o.
O aranho tomou o coelhinho entre os dedos rapinantes, examinou-o, apalpou-o, cheirou-o e abrindo a gaveta suja tirou de dentro o menor nickel.
— Toma!
Luizinho resentiu-se. Já conhecia o valor do dinheiro e achou aquillo “pouco demais”.
Vendo, porém, pela cara do judeu, que era inutil insistir, pegou do nickel, beijou o coelhinho e disparou, a correr.
No dia seguinte reappareceu. Parou deante da vitrina e longo tempo ficou a namorar o amigo, trocando com elle signaes de intelligencia.