O meu estudante Baptista não tez como o de Ribeiro Couto. Não lhe lambeu a vida. Lambeu-lhe os sete nickeis offerecidos e sahiu a pegar o bonde, displicentemente.
— E o senhor, que deseja? disse-me o pirata, depois de encafuar o livro na estante.
Eu não desejava coisa nenhuma, além de vel-o, apalpal-o, cheiral-o, talvez estrangulal-o pela segunda vez, Não obstante, fiz-me de tolo.
— Ando a procura de um livro. Um livro de Wilde. Tem ahi qualquer coisa deste escriptor?
A physionomia do estrangulado illuminou-se.
— Tenho a melhor coisa que Wilde escreveu, “O Retrato de Dorian Grey”, conhece? disse, puxando fóra da estante o volume adquirido momentos antes. Coisa papa-fina!
Tomei o livro, folheei-o. Traducção franceza vulgar. Valeria, novo, quatro mil réis.
— Quanto pede?
— Seis mil réis, por ser para o amiguinho.
Sorri-me por dentro e por fóra. Larguei o volume e accendi o cigarro.
— Não me interessa. E' caro.