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Página:O mandarim (1889).djvu/145

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O MANDARIM
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despertei a um rumor lento e surdo que envolvia o barracão — como de forte vento n’um arvoredo, ou uma maresia grossa batendo um paredão. Pela galeria aberta, o luar entrava no quarto, um luar triste d’outono asiatico, dando aos dragões suspensos do tecto fórmas, semelhanças chimericas...

Ergui-me, já nervoso — quando um vulto, alto e inquieto, appareceu na facha luminosa do luar...

— Sou eu, Vossa Honra! — murmurou a voz apavorada de Sá-Tó.

E logo, agachando-se ao pé de mim, contou-me n’um fluxo de palavras roucas a sua afflicção: — emquante eu dormia, espalhára-se pella villa que um estrangeiro, o Diabo estrangeiro, chegára com bagagens carregadas de thesouros... Já desde o começo da noite elle tinha entrevisto