Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/103

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acreditou tivessem sido praticadas pelo rapaz as feias ações atribuídas ao menino.

— Como é possível que a gente se transforme de semelhante modo? Dizia ele uma vez a Francisco. Ainda se tivesse recebido depois desses desatinos saudável educação...

— Pois é o que digo a seu padre — respondeu o matuto. Lourenço parecia ter o inimigo no couro. Eu nunca vi menino tão endiabrado. Agora, quanto a ensino, o que ele recebeu foi o que lhe deu minha companheira; e parece que não foi mau, porque o rapaz já está outro.

— Bom ensino foi o que lhe deu tua mulher, Francisco. As mulheres são muito próprias para isso. Quando elas querem, ninguém tem melhores meios de endireitar as voltas de uma índole torta e defeituosa.

— Dai a pouco, o padre, como se tivera um pensamento súbito, uma resolução heróica, acrescentou:

— Quero prestar a vocês um serviço, que não é preciso me agradeçam, visto que tenho o dever de proceder assim. Quero completar a obra que levaram tão adiante. Vou ensinar a Lourenço as primeiras letras. Lourenço,