Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/131

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abrir um roçado dentro da mata que lhe ficava por traz da quadra de terra que o senhor do engenho lhe dera para cultivar. Como não era muito grande o espaço concedido, da casa ouvia-se o ruído que, ao cair, produziam com as folhas e as arvores derrubadas pelo poderoso machado foreiro. Ao ruído das arvores, ao ciciar das por entre a folhagem de um pé de massaranduba que ficava de um lado da casinha, ao cantar dos chechéus poisados esse momento sobre as bananeiras do quintal, Marianinha, que na ocasião de chegarem os hospedes, estava no terreiro brincando com suas bonecas, sentiu que despertará novo sentimento em seu coração. Esse sentimento não se confundia com o que ela experimentava minutos antes ouvindo os mesmos rumores e o mesmo canto; era diferente, posto que acompanhado do mesmo natural cortejo.

A manhã estava esplendida. O sol aquecia, sem queimar, as plantas e os animais, vivificando-os. As vastas sombras dos matos e dos oiteiros, projetando-se sobre o capinzal donde iam desaparecendo os últimos pingos da orvalhada brilhante da noite, poder-se-iam comparar com as folhas fechadas de um livro imenso -—