Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/155

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piamente no que escrevia Caldas, ou porque o seu ódio não tinha outro objetivo que o de aniquilar a nobreza, a quem deviam tão grande revez, que os havia prejudicado em seus interesses e em sua política, os europeus, que esposavam a causa da reação, alimentavam em silencio os seus projetos de vingança e aparelhavam-se com sagacidade e tino para o rompimento formal. Neste intuito levaram muitos meses a prover-se de mantimentos. A farinha, o feijão, o milho, o arroz, o açúcar, a carne, o peixe entravam todos os dias para os seus armazéns, onde ficavam em bom recato. Finalmente, no dia 18 de junho, aos gritos de “Viva el-rei d. João V, morram os traidores” puseram eles nas ruas a revolta, tomaram conta das fortalezas do Brum, Buraco, e Cincopontas, e no pressuposto de restaurarem a perdida autoridade de Caldas, consideraram o bispo suspenso de suas atribuições e o recolheram no colégio dos jesuítas. Nomeando um governo monstruoso, composto de João da Mota e de um preto mestre de campo do Terço-dos-Henriques, obrigaram o bispo a assinar ordens que importaram em os assegurar na posse da situação, assim violentamente roubada à legalidade.