Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/260

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— Então, se eu tivesse necessidade de uma pessoa que me ensinasse os atalhos para chegar à vila sem ser pressentido pelos nobres, não me prestava você de boa vontade este serviço tão pequeno?

— Saberá vossa senhoria que nem de boa nem de má vontade eu lhe ensinava os caminhos da vila para este fim. Daqui mesmo destorcia para traz no meu castanho, porque para servir a tais indivíduos não há forças humanas que me obriguem, nem dinheiro que me compre.

— Grande ódio tem você a esses homens que só cuidam em viver do seu trabalho.

— Eu cá sei em que eles cuidam. Querem enriquecer à nossa custa. Vendem a fazenda pela hora da morte, agora os gêneros da terra querem comprar por pouco mais que nada. Não fazem isto só com o pobre matuto, como eu; até os senhores-de-engenho gemem entre as unhas deles. O que não tem o olho vivo, quando dá acordo de se está com as terras, as canas, os negros de sua propriedade metidinhos todos dentro da gaveta do mascate, que faz os suprimentos e adiantamentos. Muito francos em fiarem são os tais mascates, quando vêm que a pessoa a quem fazem seus oferecimentos,