Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/278

Wikisource, a biblioteca livre

importou com isto. O que ele queria era saber quem era o vulto e o que ia fazer ali. Eis o que viu e ouviu.

Estavam dentro da palhoça, com os habitantes do costume, um negro do serviço domestico de João da Cunha por nome Germano e o Pedro de Lima, cabra destemido do séquito de Tunda-Cumbe, braço direito deste, para assim escrevermos, que deixou nome na historia da guerra, pelas — extorsões, mortes, roubos e outras desenvolturas que cometeu em Goiana, de que fora o terror.

No momento em que Lourenço pode enxergá-los através das palhas da choupana, estava Pedro de Lima, a frente voltada para o casal de negros e o Germano, justamente a dizer-lhes estas palavras:

— É certinho o que digo; podem crer que terão vocês sua liberdade. Guardarei todo o segredo.

Lourenço compreendeu logo, por estas palavras, que o cabra prometia aos negros a alforria a troco de um levante contra João da Cunha.

— Então, então, Germano, que dizes a esta proposta? perguntou Moçambique ao negro da confiança do sargento-mór. Pois a liberdade é coisa que se engeite?