Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/30

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pediu, com voz sumida um lugar entre os arreios para passar a noite junto de quem o pudesse ajudar na hora de morte, reconheceu no pobre o Valentão-da-Timbaúba. Todos nós o reconhecemos também pelo olho furado e a perna quebrada.

— Estou pronto a consentir que você pernoite entre nós, mas há de ser com uma condição, - disse-lhe seu sargento-mór. Valentim respondeu: Farei tudo o que vossa senhoria ordenar, contanto que me deixe morrer entre filhos de Deus.

Você há de dormir amarrado pelas mãos do Francisco debaixo de minhas vistas no tronco desta oiticica.

— Ai meu senhor! tornou Valentim. Compadeça-se do pobre enfermo. A ninguém ofendi nesta vida para merecer tanta crueza.

— Se não lhe serve a condição, vá morrer longe daqui enquanto é cedo.

A estas palavras de seu João da Cunha, Valentim afastou-se do lugar sem mais demora, gemendo mais do que dantes. Todos nós fizemos tenção de não pregar olho essa noite, mas o enfado da viagem tinha vencido a todos algumas horas depois. Só quem não dormiu foi seu sargento-mór, que para fazer crer que