Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/327

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E que novas nos trazes? Boas ou más? Interrogou Coelho.

— As novas mais importantes devem vir nestas cartas — disse o barcaceiro, entregando ao negociante um alentado maço de papel.

Coelho rasgou com violência o envoltório que reunia em um só volume a sua correspondência, e pôs a devorá-la.

Entretanto Jeronimo Paes não cessava as indagações sobre o estado do Recife e dos seus habitantes sitiados.

— O que eu sei dizer é que a fome dentro da vila é de meter horror, - disse o barcaceiro. Dá-se um vintém por uma espiga de milho e não se encontra. Não há carne de espécie nenhuma. De farinha não havia nem um caroço antes de eu lá chegar. Um papagaio já serviu de galinha para caldo de um doente. O forte da população é o marisco-pedra, tirado nas coroas quando a vazante as descobre. Mas vosmecê não sabe que perigo corre o que lá os vai apanhar. Mais de cinquenta negras mariscadeiras tem caído no poder dos pés-rapados que fazem o cerco da vila. Muito pescador de marisco tem morrido de tiro.

— E porque não rompem o cerco? Para