Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/331

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um canto objetos que reluziam. Coelho levantou a tampa de um desses caixões para que o barcaceiro visse o seu conteúdo. Que é que estás vendo, Bartolomeu? perguntou ele a modo de desvairado.

— Armas de fogo, patrão.

— É verdade; são armas. Foste tu mesmo que as trouxeste, supondo que trazias ferragens para o engenho que estou construindo. São trezentas espingardas e duzentos bacamartes. Aquilo que reluz dali do canto são espadas, catanas e parnaíbas. Já vês que Ricardo não passa de um mentiroso, um desprezível vilão. Agora subamos.

Subiram.

Ao penetrarem no gabinete, onde se escondia a escada, Coelho indicou ao barcaceiro um animal de tamanho descomunal, deitado aos pés da cama de seu uso.

— Que te parece isto, Bartolomeu? perguntou Coelho.

— Um grande cachorro. Oh que monstro!

— É o meu defensor. Ele agora está dormindo. Aproxima-te. Tens medo? É um cão que só tem dentes para os ladrões.

— O barcaceiro, em vez de se aproximar, afastou-se. Coelho e Jeronimo