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Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/332

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— Não fujas. O animal é benévolo e inoffensivo. Pega neste candieiro e encosta-te bem a mim para o poderes ver de perto. Ficarás sabendo o que elle vale.

Não sem receio, Bartholomeu fez o que mandara o mascate. Este metteu então no canto de um dos olhos do animal adormecido um pequeno objecto que tirára do bolço. Houve um como movimento na féra, o que fez o barcaceiro recuar amedrontado.

— Não fujas, Bartholomeu. Estou aqui. Aproxima-te.

— Aos olhos de Bartholomeu mostrou-se então um sonho, uma visão deslumbrante e incrivel. O animal tinha-se aberto pelo ventre de banda á banda; e naquella sobre a qual estava deitado, o que o barcaceiro descobriu foram dobras em pequenas tulhas, formando carreiras pelo longo vão.

— Ó xentes! exclamou Bartholomeu maravilhado. Quanta moeda, quanto ouro! Meu Deus! Pois é esta a burra de seu Coelho?!

— Todo este dinheiro, disse o negociante, ganhei-o eu pela minha industria nesta terra. Devo-o acaso á terra ou ao meu trabalho, ás minhas economias? Devo-o ao meu trabalho; a terra não dá dinheiro. Os preguiçosos não