Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/340

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Mas ao passo que o marchante não poupava finezas nem esforços para prender definitivamente o negociante, lançava-lhe este outras contas muito diferentes. Gostava de Jeronimo, não desgostava de Zefinha, mas seu ser moral revoava em torno da imagem da jovem senhora de engenho, como em torno de rosa gentil e delicada, revoa, absorvendo-lhe o saudável cheiro, namorado beija-flor. Quando Jeronimo dizia consigo estas palavras: ‘Como não havia de ser feliz Zefinha se casasse com Antonio Coelho!’ monologava este de se para se do seguinte modo: ‘Damiana, Damiana, meu amor, meu bem, minha vida, minha alma, que será de mim dentro em pouco tempo, se sorte propicia não vier arrasar a muralha que nos separa? Ah! eu não posso viver sem ti, delicia cruel de minha existência, doce fatalidade que fizeste de mim escravo e desgraçado!’

Não foi preciso muito para que Zefinha compreendesse que os sonhos de Coelho, seus pensamentos, suas ambições afetivas tinham por objeto outra mulher. Mas, por infelicidade, já sentia ela por ele todos os estremecimentos que revelam a existência da paixão. Herpe, corrosivo, o amor infeliz alastrava suas vesículas peçonhentas pelo coração virgem da rapariga,