Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/350

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cabo de alguns minutos de silencio em que, ao parecer, estivera meditando sobre grave assunto. Fica assentado que dormirás hoje a bordo da Borboleta, e de lá não virás à terra senão por ordem minha. Vai ver tua mulher e teus filhos, que deves estar impaciente por abraçá-los. Às nove horas recolhe-te à embarcação. acharás já ai todas as provisões e munições necessárias para a viagem.

— Mal tinha o negociante terminado estas palavras quando se fez ouvir do lado de fora descomunal ruído de povo, retinir de armas, rumor de passos de cavalo. Quase no mesmo instante as portas da loja se fecharam com estrondo, e logo após os caixeiros de Coelho corriam pelas escadas acima amedrontados e confusos. Que é isto? Que quer dizer isto? Inquiriu o negociante, vencendo sua surpresa, ao que primeiro penetrou na sala.

— A casa está cercada, e ai vem o juiz ordinário com ordenanças e oficiais do seu juízo.

No mesmo instante uma voz que soou aos ouvidos de Coelho como eco das gemonias infernais, fez ouvir a seguinte intimação:

— Da parte d’el-rei, componde a casa, que vimos fazer uma diligencia.