senhor não temos nem dinheiro nem armas com que rebater a rebellião da nobreza.
— Pouco importa ás justiças saberem si tendes dinheiro. Fallei-vos em dinheiro, porque em dinheiro se fala pelas ruas da villa, sr. negociante.
— Chamai-me mascate, já que não quereis chamar-me sargento-mór, titulo que não podeis tirar-me.
— Titulo que a nós deveis.
— Devo-o a el-rei, não a vós.
— Não vim a praticar convosco. Vim a saber si de feito tendes armas defesas que destinais aos populares por vós comprados para executores ostensivos de vossos tenebrosos designios.
— Si tenho armas! exclamou Coelho. Si eu armas tivesse não as deixaria passar sinão depois de morto, das minhas para as vossas mãos. De armas precisamos nós para defender a verdadeira autoridade, villãmente ultrajada por uma nobreza, que na rebeldia suppõe consistir a sua maior força e o seu primeiro brazão.
— Em nome da lei, mascate! gritou Cosme em tom de quem impunha silencio. Sois apontado como perturbador da ordem, protector de