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Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/431

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casa, a minha casinha, tão bonitinha! Tudo queimado e destruido! Ah! malvados do inferno! A luz ha de faltar a vocês na hora da morte.

— E as lagrimas arrazaram os olhos de Marcellina, que tinha nas faces pallidez mortal, nos olhos a expressão de profunda e entranhável dôr.

— Não chores, mulher. Foi-se uma, faz-se outra casa.

— E a minha caixa teria ardido tambem?

— Qual caixa?

— A nossa caixa, aquella onde tu guardavas o dinheiro.

— Si não a tiraste antes, ardeu tambem. Tudo lá estava em cinzas.

— Ah Lourenço, lá se foi a tua fortuna. Era na caixa que eu tinha guardado o papel que me deu seu padre Antonio no momento da despedida.

— Que papel era esse?

— Vamos ao Cajueiro, Francisco. Talvez ainda se possa salvar alguma coisa.

— Tem paciencia. Agora não é possivel o que queres. Vou aqui servindo de guia á tropa. Mas se queres ir, vai. Aqui te deixo o cavallo, coitado! que já não pode andar de enfadado.