Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/430

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Vim fugindo dos facinorosos. Os mascates estão senhores de toda a vila. Seu sargento-mór, tenho que já o mataram. As forças de Luiz Soares atacaram o sobrado e levaram tudo a ferro e a fogo. Nós resistimos, mas por fim não pudemos mais, e demos os braços.

— Já sei de tudo, Marcelina. Lá embaixo soubemos logo do que havia. Esta tropa, que estás vendo, vem de Itamaracá por ordem do governo de Olinda para acabar com os mascates. Eu vinha fora de mim, minha mulher. Nem tu sabes o que fizeram os ladrões, ao passarem pelo Cajueiro. Que fizeram eles?

— Queimaram a nossa casa, mulher, a nossa casinha, que nunca lhes fez mal.

— A nossa casinha! Que dizes tu, Francisco? Pois esses endemoniados chegaram a queimar a nossa moradinha de casa? Oh meu Deus! Cada um havia de Ter sua parte nessa desgraça geral?! Até o nosso suor havia de pagar pelos males dos outros?! Mas isso não há de ficar assim. Deus há de castigar esses malvados, essas feras malfazejas!

— E que novas me dás tu de Lourenço?

— Anda ai mesmo pela vila com seu Cosme, lutando com os mascates. Mas a minha