Saltar para o conteúdo

Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/429

Wikisource, a biblioteca livre

— Veja, seu ajudante. Olhe como corre o povo sôlto lá embaixo.

Estas palavras tinham sido ditas pelo paisano ao militar, apontando o que as dissera para o largo das Portas-de-Roma.

Ellas produziram em Marcellina o effeito de um choque electrico. Tinha reconhecido a voz de Francisco.

Marcellina não se pôde ter mais occulta um só instante. Correu de dentro dos arbustos, gritando:

— Francisco, Francisco, foi Nossa-senhora que te botou por aqui.

Não se póde descrever o prazer que tomou o matuto. Saltar do cavallo abaixo e correr, louco, delirante ao encontro de sua mulher foram actos que elle praticou a modo de impellido por uma mola magica. Apertou-a entre os braços extasiado. Por cima de suas barbas que iam pintando, mas ainda negras, desceram-lhe duas lagrimas nitentes. Sobre seus labios crestados perpassou sorriso de ineffavel contentamento.

— Marcellina, meu amor, que andas fazendo por aqui só, escondida? Estás com mêdo dos mascates, já sei. Ah! Marcellina, Deus se lembrou de mim.