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Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/436

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— E que é feito da senhora d. Damiana?

— Que é feito? Está no poder do principal dos mascates.

— Quem? Antonio Coelho?

— Sim, senhor.

— Oh! Não me digas isto, Francisco. E eu ainda aqui. Vamos, corramos. Mas aonde iremos? Para onde correremos?!

— Para a casa do mascate.

Correram os fidalgos e o matuto como loucos pela rua a fóra. João da Cunha levava o inferno no coração. Aquella triste nova dava-lhe a esgotar as fezes do calix de amargura que bebia desde a vespera. Em toda a sua vida nunca sentira tão profunda, tão desumana dor penetrar-lhe a alma.

Todas as portas, tanto as inferiores como as superiores estavam hermeticamente fechadas. Do lado de dentro o silencio era profundo. Tudo indicava que na casa não havia viva alma.

A João da Cunha, perdido em cogitações e incertezas, só faltava desesperar.

— Meu Deus, meu Deus, que hei de fazer? Onde irei descobrir o infame? Onde irei achar minha infeliz mulher?

Estiveram um momento curtindo silenciosos