Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/456

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sua, para não serem tão audazes e metidos nas coisas do mundo — acrescentou Luiz Vidal. E Antonio Coelho? interrogou d. Damiana, que ainda ignorava o trágico fim do negociante. Deste estamos livres. Hei-lo ali morto, degolado — respondeu o sargento-mór, apontando para o cadáver que a poucos passos se mostrava rodeado pela mó de soldados, agora ocupados em apanhar o ouro, que, na ocasião de cair, se lhe entornara das algibeiras.

— Morto! Morto! Fostes cruéis, senhores! Exclamou como alucinada a senhora-de-engenho. Quem praticou tamanho latrocínio? Oh meu Deus! Que horror!

— Não foi nenhum de nós — responderam Francisco e Filipe ao mesmo tempo.

— Não foi nenhum de nós, repetiu o sargento-mór, fitando na mulher seu olhar inflamado e a modo de pasmo. Mas eu o mataria, se fosse eu o primeiro a encontra-lo. Era um espirito danado.

— Engana-vos. Era uma alma generosa, um bom coração; era um mártir — respondeu d. Damiana em lagrimas. Ele ia a salvar-vos, Sr. João da Cunha, supondo em perigo a vossa vida. Oh! meu Deus, por que razão as