Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/64

Wikisource, a biblioteca livre

tinha a menor confiança, poz no ombro a enxada com que estava trabalhando e que, em caso de necessidade, serviria de arma contra os agressores, e tirou para a casa. Entrou ai agitado e perturbado.

— Hoje voltou muito cedo do serviço — disse-lhe Marcelina.

— Vim correndo ver que pancadas eram estas. Cuidei que, tendo-se você trancado com medo dos negros, eles, não pensando que eu me achasse aqui por perto, estavam botando a porta abaixo. Você tem lembranças, Francisco!

Eis a causa dos estrondos, que assustaram o almocreve.

De há muito Marcelina batalhava com o marido para que lhe arranjasse uma taboa, de que dizia ter

grande necessidade. Por esquecimento ou por não lhe sobrar tempo, o matuto estava ainda em falta para com ela. Naquele dia Marcelina, que, quando tinha qualquer idéia que lhe parecia vantajosa, não descansava enquanto a não punha por obra, lembrou-se de um meio de realizar sua intenção, sem ser preciso o concurso do marido.

Não a porta, mas a janela da casa achou Francisco fora do seu lugar; só os portais