Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/81

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recebido; e teria realizado o seu pensamento, se a esse tempo não se achasse junto com eles, trazendo um longo quiri, descascado ao fogo, o preto por quem a negra chamara em seu socorro.

O conflito tornou-se então sério. O menino, o molecote, a negra, o negro e os cães, tomando parte nele com o empenho de ter cada um por se a vitoria, formaram pelo bracejar e revolver vertiginoso um novelo, uma onda rotatória, um medonho redemoinho, do qual se levantava surdo rumor, produzido pelo respirar confuso, e abafado dos lutadores, e pelo rosnar da rábida matilha.

Lourenço era forte, segundo sabemos. Mais de uma vez atirou para longe um cão, para uma banda o moleque, para outra a negra. Mas os que ele assim afastava de ao pé de si, tornavam logo mais exacerbados ao ponto donde tinham sido atirados, e prolongavam o conflito com fúria e esforço novos. Além disso, Lourenço achava-se desarmado, o que diminuía consideravelmente a sua grande força física, incapaz para resistir às dos inimigos, que eram gigantes em comparação da sua, visto serem eles numerosos e terem, além das forças, instrumentos que contundiam, feriam