Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/85

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que vai dar em minha terra — respondeu ele. O negro e a negra não me deixaram passar; mas eles hão de pagar-me este desaforo.

— E que ias ver em tua terra? Que foi que ela te deu? maus exemplos e maus costumes. Que ias tu achar lá? A miséria, o sujo e o desprezo. No fim de contas serias recrutado e acabarias sabe Deus onde, com a farda nas costas.

— Cuida que eu tenho medo de ser soldado? Eu sou forte.

— Isso sei eu.

— E gosto de brigar e combater. Havia de vir uma guerra que eu mostraria para quanto sou.

— Assim que assentasses praça te arrependias logo da asneira feita. Pensas que o soldado tem licença para andar a toda hora por onde quer, como fazias tu antes de Francisco te trazer para o Cajueiro? Estás enganado. O soldado não tem a menor liberdade; é pior do que negro de engenho; não pode dar um passo sem ordem do seu superior. És uma criança, Lourenço; não sabes ainda o que é o mundo. Acomoda-te com os bons e busca ser um deles. Ajuda-nos a trabalhar e a viver