Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/95

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adiante, na encruzilhada. Só tu não trabalhas ainda. E queres um engenho! Sem trabalhares não hás de ter nem de comer nem de vestir, quanto mais engenho.

Pensando consigo só, Lourenço levantou-se sem dizer palavra, deu volta pelo sitio, e tornou à salinha da casa, que era a oficina de Marcelina. Esta o viu arrastar um tamborete para junto dela e uma rodilha de cipós para junto de si. Sentando-se no tamborete, o menino cortou os cipós pelo modo e medida que Marcelina lhe ensinou, e hei-lo a trabalhar pela primeira vez depois da sua chegada ao Cajueiro.

Vendo-o exercitar tão vem a sua atividade espontaneamente, como tocado de celeste inspiração, Marcelina não pôde suster as lagrimas. Lourenço, a seus olhos, acabava de dar testemunho de emenda, resultado da constância e paciência com que ela o dirigia para o bem desde o dia de sua chegada.

Estava de feito ali uma conquista do seu esforço abençoado por Deus, inquebrantável esteio dos crentes.