Saltar para o conteúdo

Página:O precursor do abolicionismo no Brasil.pdf/237

Wikisource, a biblioteca livre
O PRECURSOR DO ABOLICIONISMO NO BRASIL
221

cadaver, que não se deixaria morrer a idea pela qual combatera aquele gigante. Um brado surdo, imponente, vasto, levantou-se no cemiterio. As mãos estenderam-se abertas para o cadaver... A multidão jurou. [1]

·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·

Passaram os coveiros dous laços ás extremidades do esquife e o desceram para o fundo da sepultura...

* * *

Eu olhei para a noite. Estava calma e estrelada. Com o espirito perdido em meio da magestade serena do espaço, fui-me encaminhando para casa.

·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·

Sobre minha mesa achei um jornal do dia. Trazia a noticia do passamento de Luiz Gama: “Faleceu ontem o cidadão Luiz Gonzaga Pinto da Gama, conhecido advogado desta cidade.” Só. Encolhi os ombros. E’ preciso que, mesmo nos momentos épicos, apareça uma ponta da miseria humana.

São Paulo, 3 de setembro de 1882,

  1. Neste ponto, o sr. Antonio dos Santos Oliveira discorda de Raul Pompéa. Para aquele quem fez o juramento foi Antonio Bento. E a tradição oral sustenta esta versão, possivelmente porque foi o ex-juiz municipal de Atibaia quem o cumpriu á risca, levando a campanha á vitoria definitiva.