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Página:O precursor do abolicionismo no Brasil.pdf/236

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SUD MENNUCCI

melodias. Ás 7 horas, entrava o cadaver para a capelinha do cemiterio rodeando-o sempre uma multidão compacta, no meio da qual se confundiam os membros do Centro Abolicionista, da Caixa Emancipadora Luiz Gama, da Loja America, de que era veneravel o finado, da Loja Sete de Setembro, da Sociedade Quatorze de Julho, do Club dos Girondinos, e outros.

Na capela, ficaram depositadas as corôas oferecidas pelo Centro Abolicionista, pela Gazeta do Povo, pela imprensa portugueza, pelo comercio de São Paulo, pelo Club Ginastico Portuguez, pela Academia de Direito...

Da capela, conduziu-se o feretro para a sepultura. Houve aí uma cousa solene que se deve registrar. Colocára-se o caixão á beira da cova. A multidão, que invadira o cemiterio, rodeiava o sepulcro, enchendo uma area espaçosa. A lua, que principiava a fazer sentir os seus clarões, banhava de azul a multidão, projetando no fundo do sepulcro aberto a sombra dos circunstantes, como se lhes escrevesse lá dentro o memento homo... Veiu um padre. Resmungou umas frases em latim, sacudiu agua benta, e retirou-se. — Quando os coveiros iam a descer para o tumulo o cadaver, um homem disse: — Esperem!... O Dr. Climaco Barbosa (era o homem) ergueu então a voz. A voz soluçava-lhe na garganta. Disse duas palavras, sem retorica, sem trópos, a respeito do grande homem que ali jazia caído... Lembrou aos presentes que aquele fôra Luiz Gama... A multidão chorou. Então, o orador reforçou a voz, reforçou o gesto: e intimou a multidão a jurar sobre o