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Página:O precursor do abolicionismo no Brasil.pdf/260

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SUD MENNUCCI

Baía, estabelecido em um sobrado de quina ao largo da Praça, vendeu-me, como seu escravo, a bordo do patacho “Saraiva”.

Não ha a menor alusão ao embuste, que é inventado de ponta a ponta, e que caberia muito bem num romance, mas não numa biografia.

Aliás, essa invenção não é o ponto mais engraçado da narrativa. Muito mais saborosa é aquela circunstancia do fidalgo ir á casa da Luiza Mahin convidar o filho e mais ainda o fato de a quitandeira haver lavado e vestido o filho para o passeio.

Porque, apezar das repetidas alusões que todo o artigo de Viriato Corrêa, faz á Carta de Gama, o que se apura é que ele não a leu com a devida atenção.

Pois Gama, conta de sua mãi que, “em 1837, depois da revolução do dr. Sabino, na Baía, veiu ela ao Rio de Janeiro, e nunca mais voltou.” [1]

Gama procurou-a ali, em 1847, em 1856, e 1861 e só em 1862 “soube, por uns pretos minas, que conheciam-na e que deram sinais certos, que ela acompanhada de uns malungos desordeiros, em uma casa de dar fortuna, em 1838, fôra posta em prisão: e que tanto ela, como os companheiros, desapareceram”.

De maneira que a cêna familiar, que Viriato Corrêa desenrola, é puro melodrama.

  1. Aliás deve haver lapso de memoria de Luiz Gama, nessa passagem. Luiza não podia vir ao Rio, «depois da revolução do dr. Sabino, em 1837». A revolução terminou a 15 de março de 1838.