Na opinião de meu precioso informante, o sr. Antonio dos Santos Oliveira, a frase, se foi pronunciada, deve-se ao dr. Leoncio de Carvalho, que produziu a melhor, a mais comovente, a mais arrebatadora peça oratoria daquela tarde memoravel.
Ainda a respeito do enterro do grande negro, o sr. Aureliano Leite mostrou que o acompanhamento foi um espetaculo virgem em nossos anais citadinos. E comenta: “Raul Pompéa fixou o drama num folhetim da “Gazeta de Noticias”. E depois de fazer outras observações, remata com esta nota impressionista:
“O enterro alongou-se pela tarde. O sol, que costuma esconder-se espetaculosamente por aquele lado da cidade, completou o patético, derramando sobre a multidão, que começava a debandar, uma refulgencia sanguinea.”
A frase é boa, bem soante, agradavel de ouvir. Só tem o pequenino defeito de ser historicamente inveridica. E’ o proprio folhetim de Raul Pompéa, a que alude o articulista, que a desmente. Releiamos o que diz o escritor fluminense:
“Meia hora mais tarde passava o funebre cortejo por entre os pilares do portão do cemiterio. O sol se fôra pelo horizonte abaixo... A luz do dia trepava pelas arvores espetrais do Campo Santo, para extinguir-se na profundidade do ceu. A banda de musica misturava com as sombras do crepusculo a tristeza de suas melodias. A’s 7 horas entrava o cadaver para a capelinha do cemiterio, rodeando-o sempre uma multidão compacta...