Saltar para o conteúdo

Página:O precursor do abolicionismo no Brasil.pdf/263

Wikisource, a biblioteca livre
O PRECURSOR DO ABOLICIONISMO NO BRASIL
247

“A Antonio Bento seguiu-se Joaquim Nabuco. Seu discurso sobre o que Lucio Mendonça comparou a Spartacus e chamou John Brown, teria tido este fecho: “Os escravocratas têm tudo: têm dinheiro; têm o Governo; têm a Justiça. Mas não têm, como nós, abolicionistas, o cadaver do negro sublime.”

Depois, assaltado por uma duvida, agrega esta nota:

“Não obstante o testemunho de ilustre pessoa do tempo, tenho duvidas sobre a autoria deste incidente. Parece que nessa ocasião, Joaquim Nabuco já estava em Londres. Contudo, havendo eu enviado este perfil á D. Carolina Nabuco, a distinta dama agradeceu-me num bilhete amavel e não contestou a participação de seu pai. De Nabuco ou de José Bonifacio, o Moço, de um dos dois é a frase”.

A frase não é, nem podia ser, de Nabuco. Primeiro, porque o diplomata embarcara para Londres a 1º de fevereiro de 1882, depois de sua derrota nas eleições de 31 de outubro do ano anterior. E só regressou da Europa em maio de 1884. A leitura do livro de D. Carolina Nabuco tiraria qualquer duvida. Segundo, porque, ainda que aqui estivesse, o autor de “Minha formação”, não teria comparecido ao enterro. Depois de ler, o capitulo “A injustiça de Nabuco” desta biografia, ninguem acreditará que este fosse ao cemiterio fazer aquele necrólogio, quando quasi um quarto de século depois, ainda guardava, no seu discurso de Belo Horizonte, ressentimento de Luiz Gama.