Com muito mais razão e com muito mais motivo, o teriam pela prôa todos os simuladores do talento. O caso interessava-o do ponto de vista sentimental, pois sabia, de ciência própria, o que custava realmente a acquisição da cultura e do saber. Acurvara-se sobre os livros, em noites e noites de insômia, embrenhara-se pelos ingremes caminhos da sabedoria para emparelhar com os que lhe levavam uma dianteira facil e comoda, dobrara o trabalho comum com as horas de estudo porque sentira o peso do enorme tributo que impunha o preparo inteletual. Não toleraria, portanto, aqueles que apenas desejavam empulhar o proximo, impostores que campavam de sabios ou de artistas:
«Se impera no Brasil o patronato,
fazendo que o camelo seja gato,
levando o seu domínio a ponto tal,
que se torna em sapiente o animal;
se deslustram honrosos pergaminhos
patetas que nem servem p’ra meirinhos,
e que sendo formados bachareis,
sabem menos que pêcos bedeis;
não te espantes, ó leitor, da novidade,
pois que tudo, no Brasil, é raridade!»
Mas são, principalmente, os poetas que lhe excitam a acrimônia e lhe azucrinam a veia contundente:
«Se esquentado patola ás Musas dado,
vai a esmo trovando sem cuidado;