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O Que Eu Vi

fica do Aero Club, parti para a Torre Eiffel. Em poucos minutos, estava ao lado da Torre; viro e sigo, sem novidade, até o Bois de Boulogne. O sol, mostra-se neste momento e uma brisa começa a soprar, leve, é verdade, porém, bastante, nessa época, para quasi parar a marcha da aeronave. Durante muitos minutos, o meu motor luta contra a aragem, que se ia já transformando em vento. Vejo que vou sair do Bosque e talvez cahir dentro da cidade. Precipito a descida e o apparelho vem repousar sobre as arvores do lindo parque do Barão de Rotschild. Era necessario desmontar tudo, com grande cuidado, afim de que não se danificasse, pois pretendia reparar minha embarcação para concorrer de novo ao premio Deutsch.

Nesse dia tinha despertado ás três horas da manhã para, pessoalmente, verificar o estado do meu apparelho e acompanhar a fabricação do hydrogenio, pois, de um dia para outro, o balão perdia uns vinte metros cubicos. Sempre segui a divisa: "Quem quer vae, quem não quer manda"... Já o dia ia findando e eu não abandonava o meu balão um só instante, a despeito da fome terrivel.

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